O reencontro monumental entre dois titãs da música brasileira – Gilberto Gil e Roberto Carlos – ocorreu na noite de 18 de outubro no Allianz Parque, em São Paulo, durante o show final da turnê 'Tempo Rei' de Gil. Este evento não apenas reuniu duas nobres figuras da música popular brasileira, mas também simbolizou a fusão harmoniosa de dois mundos musicais distintos. Roberto, com sua trajetória iniciada há seis décadas no marco da Jovem Guarda, uniu sua história à de Gil, um dos arquitetos do Tropicalismo, movimento que abraçou a eletricidade musical em uma época de resistência.
Gilberto Gil, cuja música transita livremente entre o baião, rock, e reggae, sempre assimilou influências como as da Jovem Guarda de Roberto, enriquecendo assim seu mosaico cultural. Em um remoto passado musical, não houve animosidade entre eles, mesmo quando Gil apresentou a Roberto a canção 'Se eu quiser falar com Deus', que foi recusada pelo cantor na época. Esse duelo de majestades sempre se deu mais no campo do simbolismo do que em conflitos reais.
No palco, as vozes de Gil e Roberto se uniram no hino 'A Paz', composição de Gil com João Donato. Roberto Carlos, frequentemente associado à musicalidade mais conservadora dos anos 70, visitou o território de Gil em um gesto de retribuição e amizade, tendo recentemente incluído o baiano em seu especial de Natal na TV Globo. Juntos, no show, também entoaram 'Além do Horizonte', um marco da obra romântica de Roberto, adicionando os vocais e a guitarra de Gil para um toque especial de amor e esperança.
A participação surpresa de Roberto já havia sido mencionada de forma enigmática por Flora Gil, empresária e esposa de Gil, nas redes sociais, aumentando a expectativa e curiosidade do público. Durante a apresentação, Roberto exibiu uma genuína emoção, enquanto os elogios entre ele e Gil transcenderam os gestos protocolares, mostrando-se sinceros e profundos. Ambos estavam cientes da sua grandiosidade, priorizando a harmonia e a celebração da música, além de qualquer divergência passada.
O encontro foi mais do que um evento musical; foi uma reafirmação do poder unificador da música e do tempo, demonstrando mais uma vez que a arte sabe, como poucos, colocar tudo em seu devido lugar. Este reencontro, carregado de simbolismo, será lembrado como uma noite em que a música reinou absoluta, unindo histórias, sons e épocas.



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