Os fãs de animações costumam encarar o anúncio de adaptações live-action com certa apreensão, e não foi diferente com a expectativa em torno de “Como Treinar o Seu Dragão”, que chega aos cinemas brasileiros. Desde a primeira exibição da franquia pela DreamWorks, há 15 anos, a história de Soluço e seus companheiros cativou o público, gerando sequências e uma vasta gama de produtos derivados. Com a nova versão, a pergunta que pairava era: seria necessária uma adaptação com atores reais?
Embora não houvesse uma demanda explícita para um remake tão recente, o diretor Dean Deblois, responsável pela primeira incursão cinematográfica no universo literário de Cressida Crowell, conduz o projeto com a firmeza de quem conhece sua criação. Sua abordagem respeita a essência do original, mantendo intactas cenas icônicas, como o emocionante primeiro contato entre Soluço e o dragão Banguela. Ao transpor a animação para o live-action, a cena ganha nova dimensão, refletindo a emoção nos olhos dos atores.
O elenco formado por Mason Thames como Soluço e Nico Parker como Astrid, traz similaridades surpreendentes com os personagens animados. Thames conserva a obstinação juvenil de Soluço, enquanto Parker adiciona camadas à Astrid, elevando-a à guerreira sensível e estratégica. Este cuidado na escolha dos atores é complementado pela performance de Gerard Butler, que se transforma em Stoico, mantendo o humor e afeto necessários para o líder dos guerreiros.
Os dragões, elemento essencial da narrativa, transmitem delicadeza ao mesmo tempo que realismo, sem perder a mágica encantadora da animação. O investimento em cenários práticos enriquece a ilha de Berk, transportando espectadores para uma fantasia vívida, assemelhando-se a terras vizinhas da série “Game of Thrones”, porém com um toque de humor e fofura.
A trilha sonora, revisitada com precisão, mantém a atmosfera épica, sendo um ponto de conectividade emocional. O compositor John Powell mencionou nos bastidores que sua meta era manter a essência musical, garantindo que o público perceba a consistência, ainda que o trabalho seja meticuloso.
A adaptação de “Como Treinar o Seu Dragão” cativa por não apenas tentar replicar, mas expandir a narrativa. Ela alcança um espectro demográfico que se estende além do público infantil, potencialmente atraindo jovens adultos, juntando-se à prateleira de fantasia juvenil ao lado de sucessos como “Harry Potter”.
Com seu lançamento, a versão live-action mostra que, mesmo sem introduzir grandes viradas no enredo, consegue englobar um valor emocional e vislumbrar uma riqueza que algumas adaptações Disney aspiram em vão. Esse equilíbrio entre novidade e preservação faz do filme uma experiência satisfatória tanto para os novos espectadores quanto para admiradores de longa data.
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