Na noite de 4 de outubro de 2025, Zizi Possi subiu ao palco do Teatro Multiplan, no Rio de Janeiro, para uma apresentação única e especial do show 'Choro das Águas'. O recital, em formato de voz e piano, tem sido apresentado pela cantora por diversos cantos do Brasil desde setembro, e a noite carioca não foi apenas uma apresentação comum, mas um espetáculo beneficente repleto de emoções intensas e repertórios cuidadosamente selecionados para tocar a alma do público.
Apesar dos apelos insistentes da plateia, a diva da MPB não incluiu em seu bis a canção italiana 'Per amore', famosa desde seu lançamento em 1997. Em vez disso, Zizi levou o público em uma viagem musical nostálgica com 'Asa morena' e 'Perigo', duas das canções que marcaram sua carreira nos anos 1980.
O show, sob a direção cuidadosa de seu irmão José Possi Neto, destacou-se não apenas pela poderosa presença vocal de Zizi, mas também pelo deslumbrante trabalho de iluminação de Wagner Freire e a perfeita harmonia com o pianista Daniel Grajew. Grajew, um músico versátil, equilibrou a técnica clássica com a criatividade do jazz, proporcionando um acompanhamento sonoro que engrandeceu ainda mais a apresentação.
Aos 69 anos, Zizi Possi demonstrou estar ainda em plena forma vocal, sua voz cristalina encheu o teatro de emoções e sentimentos. O repertório, por sua vez, usou as águas como metáfora para os altos e baixos da vida, capturando o público não apenas pelo som, mas também pela profundidade emocional de cada interpretação.
O show apresentou canções repletas de intensidade, começando com 'Choro das Águas' de Ivan Lins, seguida por clássicos dos anos de ouro da MPB que foram recebidos com grande entusiasmo pela plateia. Uma interpretação particularmente surpreendente foi a da música 'Canção de Protesto', de Caetano Veloso, uma joia esquecida redescoberta pela potência vocal de Zizi.
Entre outros momentos memoráveis, a artista trouxe vibrações de esperança com 'Caminhos de Sol' e desbravou a complexidade emocional de 'Bilhete'. Canções como 'Podres Poderes', também de Caetano Veloso, revelaram a capacidade de Zizi de se agigantar como intérprete.
O espetáculo culminou em um bis eletrizante com 'Asa morena' e 'Perigo', encerrando uma noite onde, para além das músicas, pairaram a força, a firmeza e a beleza inigualável da voz de Zizi Possi. Ela, mais uma vez, firmou-se como uma das vozes mais respeitadas e admiradas da música brasileira.
O setlist completo do show incluiu 22 músicas, entre as quais se destacam:
- Choro das águas (Ivan Lins e Vitor Martins, 1977)
- Nem quero saber (Vitor Ramil, 1982)
- Foi assim (Juventude e ternura) (Ronaldo Corrêa e Roberto Corrêa, 1967)
- Caminhos de sol (Herman Torres e Salgado Maranhão, 1981)
- Nós (Tiago Araripe, 2016)
- Esquece e vem (Nico Rezende e Paulinho Lima, 1987)
- Bilhete (Ivan Lins e Vitor Martins, 1980)
- Canção de protesto (Caetano Veloso, 1987)
- Olho de peixe (Lenine, 1993)
- Balada do louco (Arnaldo Baptista e Rita Lee, 1972)
- Podres poderes (Caetano Veloso, 1984)
- Meu amigo, meu herói (Gilberto Gil, 1980)
- Paciência (Lenine e Dudu Falcão, 1999)
- Cais (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1972)
- Se eu quiser falar com Deus (Gilberto Gil, 1980)
- Sangrando (Gonzaguinha, 1980)
- O que será (À flor da pele) (Chico Buarque, 1976)
- Asa morena (Zé Carapidia, 1982)
- Perigo (Nico Rezende e Paulinho Lima, 1985)
Cada canção foi meticulosamente selecionada para não apenas maravilhar pela técnica, mas também tocar o coração do público e rememorar os muitos anos de carreira que consagraram Zizi como uma das grandiosas vozes da música brasileira.
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